quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Apesar de tudo, FELIZ NATAL BRASIL !




(Artigo publicado originalmente no “Mensageiro da Paz” de Dezembro de 1993. Autor: Pr. Claudionor Correa de Andrade, escritor dos livros "Há esperança para os homossexuais", "As verdades centrais da fé cristã", "Dicionário de profecia bíblica",' "Fundamentos bíblicos de um autêntico avivamento", "Merecem confiança as profecias ?", entre outros).
Querido Jesus,
sei que o momento não é propício, pois estamos em pleno Natal, mas preciso dizer-te que este ano foi particularmente difícil para o meu país.
O Estatuto da Criança e do Adolescente não conseguiu impedir a matança dos menores abandonados (…).
Se para Herodes bastou o sacrifício dos meninos de dois anos para baixo, aqui a criança não é poupada em nenhuma idade.
Jesus, no Brasil a infância tornou-se algo descartável, que só é útil para angariar votos.
Os que fazem a lei, esquecem de algum parágrafo; os que aplicam a lei, a escondem nos orçamentos manipulados por homens inescrupulosos, corruptos e que não mostram nenhum interesse pela coisa pública.
Sim, Jesus, temos um código penal; entretanto, a impunidade tornou-se parte de nossa cultura. Os criminosos sabem que, neste país, a lei não é aplicada; interpretam-na de acordo com os recursos do infrator. Se este tem recursos, a justiça fica cega; se não tem, ela arregala os olhos e o mete num cárcere. É uma justiça parecida com a daqueles escribas e fariseus que te trouxeram a adúltera, e esqueceram o que a seduziu. Aqui se acha um jeitinho para tudo, menos para tirar-nos deste atoleiro moral.
Senhor, a Constituição brasileira é considerada uma das mais avançadas do mundo. A sua aplicação, porém, parece àquela tartaruga que disputava corrida com a lebre. Só que, neste caso, a tartaruga chega sempre atrasada.
Quem não se atrasa são os casuísmos: apenas um casuísmo é suficiente para colocar em dúvida toda a Carta Magna. Ela trouxe a universalidade do voto; a democracia econômico-social não. Todos vão às urnas; bem poucos às panelas. Não obstante a liberdade de expressão, até agora ninguém conseguiu censurar a fome que, todos os anos, leva à morte milhares de pessoas. Será que nossos representantes não aprenderam ainda que democracia também se faz com uma justa distribuição de renda ?
Embora esta não seja nossa primeira Constituição, os legisladores já se preparam para revisá-la. Eles precisam entender que os nossos problemas não serão resolvidos com a formulação de novas leis, e sim quando forem cumpridas as que envelhecem sem nunca serem respeitadas.
(…) De repente, tomamos conhecimento de que muitos dos nossos graves e respeitáveis representantes estatais estavam metidos num mar de lama. E o que mais dói é saber que ao invés de estarem cuidando dos interesses da nação, divertiam-se brincando com o dinheiro destinado ao bem comum. Esses senhores, embora regiamente pagos, acharam por bem apropriar-se daquilo que não lhes pertence. Ora, são tão ladrões quanto os que assaltam o pobre trabalhador que, penosamente, leva o pão para casa. Neste caso, o cidadão pode procurar a delegacia de polícia mais próxima e denunciar o delinquente. Mas a quem denunciar aqueles a quem concedemos até imunidades ?
Jesus, o cidadão comum não se importa de pagar impostos; sabe que as engrenagens da máquina estatal tem que estar em perfeito funcionamento. Aliás, tu e teus discípulos também pagavam impostos.
O que nos machuca, Senhor, é saber que existem tantos publicanos ávidos a meter a mão em nosso dinheiro. Alguns o gastam até em orgias. Quando a máquina administrativa emperra, nossas autoridades vem a público para justificar sua ineficiência, alegando que o grande problema do Brasil é a falta de recurso. Não, o grande problema desta nação é a abundância de recursos. Se não houvesse tanto dinheiro sobrando, os corruptos não se apropriariam dele com tanta facilidade.
Senhor, apesar das euforias de Natal, sinto-me deprimido. Me pergunto se todo esse processo democrático realmente vale a pena. Em todas as eleições é a mesma coisa. Os políticos aparecem caçando nossos votos, bafejam-nos promessas, garantem-nos que farão um mandato exemplar. Alguns surgem empunhando tua Palavra. Quando assumem o poder, desonram as promessas feitas. Eles deveriam saber que o candidato tem de fazer jus à sua função; há de ser cândido nas palavras e nas ações. Era assim que os pretendentes aos cargos públicos apresentavam-se em Roma. Vestiam-se de branco para denotar a pureza de suas intenções.
Senhor Jesus, sei que a democracia não expirou. Ela está viva apesar dos que a aviltam, apesar dos que dela se aproveitam para oprimir o fraco e tiranizar o pobre. Por isso, continuarei a a eleger os meus representantes; os poderes da República ainda são imprescindíveis. Não gostaria que o meu país retrocedesse politicamente agora. Afinal, esperei algumas eleições para votar num presidente. Embora ele tenha nos decepcionado, foi um voto livre, secreto e universal. Muita gente foi às urnas com a barriga vazia, mas o coração estava cheio de esperança.
Jesus, se não fosse a democracia talvez não tivesse escrito este artigo; o totalitarismo não me permitiria uma expressão tão aberta. Mas sozinhas, ela não conseguirá salvaguardar nossas instituições. Torna-se imprescindível a força da oração.
Se esta podridão toda está vindo à tona, é porque tua Igreja não cessa de clamar. São milhões de vozes piedosas a decretar que as coisas não precisam caminhar necessariamente de mal pior. Sei que estamos no final dos tempos, e que a tua vinda é apenas uma questão de dias. Também sei que o teu povo é o sal da terra e a luz do mundo. Por isso, o Brasil há de sair deste pântano moral. O Evangelho é o poder que faz a diferença em qualquer civilização. O povo de Deus há de fazer desta nação um modelo de decência, ordem e lisura administrativa.
Jesus, neste Natal quero te dizer que a tua Igreja ainda não perdeu a esperança, mas continua lutando para que o Brasil conheça tempos de refrigério e prosperidade.
Não buscamos o refrigério pelo refrigério, nem a prosperidade pela prosperidade. Com a prosperidade econômica, teremos mais condições de cumprir os itens da Grande Comissão que nos confiaste.
Por enquanto, achamos quase impossível investir na evangelização transcultural em consequência da inflação que debilita nosso poder aquisitivo.
Afinal, Jesus, se os Magos vieram de tão longe no Oriente para te prestar as homenagens reais, por que não podemos fazer o caminho inverso para anunciar: “Paz na terra aos homens a quem Ele quer bem” ?
Jesus, que a tua Igreja continue a ser a reserva moral desta nação” . Que o sal jamais venha se tornar insípido !
Se trazer à tona os negócios escusos dos ímpios, como deixarias impunes os que invocam o teu nome ?
E por acaso já não é tempo do julgamento começar na Tua Casa ?
Seria tão bom se todos se conscientizassem que a tua Igreja não pode ser propriedade de nenhum potentado humano. Ela é a agência por excelência de teu Reino. Um dia passaremos, mas Ela permanecerá até a Tua vinda.
Que vamos passar, todos o sabemos. Passemos, então, com honra.
Mostraremos a esta nação que não nos conformamos com o famoso e execrável jeitinho brasileiro. A tua Igreja, Jesus, independe de jeitinhos para sobreviver. Ela conta com a tua providência.
Quisera fossem os tais jeitinhos substituídos pelo império da lei, onde o estado de direito fosse verdadeiramente observado. Onde o cidadão não se visse obrigado a subornar ninguém para desfrutar de direitos que lhe são inalienáveis.
Os sinos do Natal, querido Jesus, já dobram nesta imensidão. Por quem eles dobram ? dobram pelos parlamentares que honram os seus mandatos; pelos representantes do povo que não aceitaram o dinheiro sujo das negociatas; por aqueles que não manipularam os recursos destinados os flagelados de todas as flagelações.
Senhor, estes sinos dobram pelos pastores que ainda ouvem o coral dos anjos; pelos evangelistas que ainda acham confortável a manjedoura. Dobram pelos missionários que ainda vêem a tua estrela e caminham até os confins da terra para anunciar a tua mensagem. Estes sinos dobram por aqueles que, em constante oração, aguardam um avivamento. Dobram por aqueles que apresentam o incenso de uma vida santificada, a mirra de um amor sacrificial, e o ouro que não haverá jamais de ser corroído.
Que no próximo Natal, Senhor, vejamos brilhar a tua estrela sobre a capital deste país. Sobre Brasília, por enquanto, paira a tua espada.

Guarda a teus filhos, Jesus.

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