Encerrados os debates e votação para presidente da 41ª AGO da CGADB em Brasília-DF (08 a 12.04.2013), onde se digladiaram os Pastores José Wellington (reeleito pela 10ª vez...) e Samuel Câmara, restam conclusões e lições para todos.
A
diferença dos votos (cerca de 2000) em favor do reeleito presidente
José Wellington é o primeiro ponto a mencionar. Essa diferença é
cerca de 4 vezes maior do que o resultado anterior apurado na eleição
de 2009 na Cidade de Vitória-ES. Fica a pergunta: os obreiros
pró-Wellington aumentaram de número nesses 4 anos ? Ou os obreiros
pró-Samuel diminuíram de quantidade ? Ou ambas as coisas ?
Espiritualizar
a questão de quem foi eleito (e quem não foi) se mostra no mínimo
uma forma simplória de ver a situação. É claro que no cerne de
toda a votação, está a busca pelo poder (político, religioso,
social, etc) oriundo de uma agremiação do porte da CGADB (com
milhares de pastores espalhados por todo território nacional). Sem
contar os recursos materiais, incluídos aí os da CPAD (imprensa
oficial da CGADB), cujo relatório anual mostrou um fechamento da
ordem de 100 milhões de reais.
Como em
toda convenção, os debates foram bastante acalorados em alguns
momentos, escandalizando algumas mentes mais simplórias. Nesses
momentos, sempre aparecem os saudosistas, argumentando que
“antigamente não era assim”. Não deixam de ter alguma razão
esses obreiros; porém, esquecem-se que há 26 anos atrás (tempo em
que o Pr. José Wellington é presidente, através de sucessivas
reeleições) a CGADB era pouco mais que um grupo de pastores
engravatados, com pouca (ou nenhuma) influência política e social,
e menos ainda recursos materiais.
Quanto
maior o prêmio, maior a luta para conquistá-lo. Nada mais natural,
portanto, que as estratégias e manobras para se tomar o poder (ou se
mantê-lo). Ingênuo seria de nossa parte esperar que aquele que
detém o poder dele abrisse mão naturalmente; ou ainda, que ninguém
quisesse tomar esse poder.
Merece
ainda destaque a eleição (?) realizada logo nos primeiros dias
(quando grande parte das caravanas de obreiros ainda não havia
chegado) acerca dos diversos Conselhos e Comissões, de um dos quais
faz parte o pastor amapaense Lucifrancis Barbosa Tavares (o qual
preside a CEMEADAP-AP). Causa certa estranheza tal procedimento da Mesa
Diretora, pois o natural seria que primeiro se realizassem as
eleições para os cargos majoritários (presidente, secretários,
tesoureiros, etc), e só então as demais. Foi uma inversão de
procedimento que refletia, no mínimo, uma grande confiança na
vitória por parte do Presidente anterior (reeleito).
Pode-se
ainda observar essa eleição sob outro prisma. Com efeito, sendo o
Pr. José Wellington da Região Sudeste (SP), e o Pr. Samuel Câmara
da Região Norte (PA), a votação refletia, no mínimo, a histórica
rivalidade brasileira Norte/Sul. Nada mais natural, portanto, que os
argumentos contrários à escolha de um novo presidente perspassassem
pelos costumeiros preconceitos regionais. À boca-pequena nos
corredores ouvia-se muito, por exemplo, o anacrônico argumento de
que, caso Samuel Câmara fosse eleito, os costumes da Assembléia de
Deus seriam liberados, que tudo iria se tornar uma confusão, e
outras bobagens semelhantes.
Por que
digo “bobagens” ? Simplesmente porque nenhum presidente de CGADB
(nem mesmo o atual, do topo de seus quase 9 mil votos) tem esse
poder. Se assim tentasse fazê-lo, seria alvo de chacotas e abanos de
cabeça.
Costumes
e tradições são mutáveis com o tempo, com o avanço (ou
retrocesso) das sociedades. Basta lembrar que em ocasiões anteriores
era totalmente proibido aos fiéis assembleianos ouvir rádio,
assistir televisão, usar barba, ir ao cinema, jogar futebol,
maquiar-se, etc, restrições estas que vem caindo uma após a outra,
sem que com isso a Igreja tenha perdido sua força evangelizadora e
seu poder transformador de vidas.
Muitos
obreiros pró-Samuel consideraram um ganho de terem conseguido eleger
os tesoureiros e o conselho fiscal da CGADB, já que com isso haverá
(em tese) uma maior fiscalização dos recursos da atual
administração. Em minha humilde opinião, ouso discordar, não pela
capacidade de fiscalização dos eleitos (que com certeza é de suma
importância), mas sim pelo quê fazer com os resultados dessa
fiscalização.
Explico
melhor: suponhamos que, daqui a 4 anos os tesoureiros e conselho
fiscal descubram má utilização dos recursos financeiros da CGADB;
que surjam graves e fortes indícios de corrupção; que pessoas da
alta cúpula da CGADB sejam apontadas como responsáveis por tais
desmandos. Suponhamos, ainda, que tais informações sejam lançadas
ao plenário da CGADB: os obreiros pró-Wellington mudarão seu voto
? Acredito que não, por várias razões, entre as quais poderia
citar: a fidelidade partidária pastoral; a pouca importância que se dá
no meio evangélico (e porque não dizer no brasileiro em geral) à
gestão dos recursos patrimoniais; e por fim, à (remota) possibilidade de que
algumas denominações façam algo semelhante em seus balancetes e
relatórios.
Resumindo:
tais constatações de má gestão dos recursos da CGADB em nada
mudariam o fato de que a grande maioria dos obreiros continuaria
votando no Pr. José Wellington, ou em qualquer “poste” que o
mesmo apontasse como sucessor.
Nesse
contexto, existe uma terceira via a ser considerada por Samuel Câmara
e seus agremiados: a desvinculação da CGADB e a criação de outra
convenção de caráter nacional, com sede no Estado do Pará (local
onde o Pentecostalismo iniciou sua marcha vitoriosa em terras
brasileiras, há um século atrás) e abrangência das regiões Norte
e Nordeste, prioritariamente.
Tal
solução não se mostra fantasiosa. Afinal, o contingente de
obreiros dessas regiões (provavelmente o dobro dos 7mil que votaram
em Samuel Câmara) fornece o necessário suporte para existência
dessa Convenção.
De mais a
mais, é utopia acreditar que o clã Wellington irá entregar o poder
“de mão beijada”, sendo o mais provável que nos quatro anos
vindouros o atual Presidente aumente sua base eleitoral e prepare seu
sucessor. Portanto, em lugar de um desgaste maior, é preferível que
cada qual siga seu caminho, não transversal a Cristo, mas paralelo a
Ele.
Na Bíblia
Sagrada, vemos uma situação parecida: o Apóstolo Paulo afastou-se
de seu colega Barnabé, após uma grande contenda motivada pela
decisão paulina de não levar o discípulo João Marcos (parente de
Barnabé) em sua próxima viagem missionária. Após a discussão,
Paulo seguiu fazendo a obra de Deus, desta feita acompanhado por
Silas, enquanto que Barnabé se fez acompanhar de João Marcos no
trabalho evangelístico. Os resultados foram proveitosos para ambas
as duplas, sem que com isso a mão de Deus se retraísse na vida
daqueles servos de Cristo.
Poderá
ter chegado o momento de se repensar a CCGAB, quanto à sua utilidade
para o trabalho assembleiano no eixo Norte-Nordeste, e se buscar
novas alternativas para uma igreja que encara o século 21 com cabeça
erguida para novos desafios, os quais exigem dinamismo, juventude,
maturidade e sobretudo doutrina (não tradições humanas, tampouco
costumes sem valor).
CGADB
para quê, afinal ?
Rídico, quero ver ir atrás das almas que estão destituídas da glória de Deus e principalmente as ovelhas assembleianas a qual foi jogada fora nestes últimos anos como um bagaço de laranja que joga fora após o sugar, não honram a memoria dos pioneiros da denominação a qual eles tem orgulho de falar que são do fogo e do poder, são os mais usados, a teologia perfeita; serão também os mais santos?
ResponderExcluirRealmente, concordo com seu texto, a CGADB infelizmente segue como muitas igrejas por aí, inclusive um nicho dentro da Assembléia de Deus, que é a transformação do governo da igreja numa capitania hereditária, onde o líder delega cargos chave para seus filhos, esposas, cunhados,etc, e mantém-se no poder, além de garantir que seus parentes sejam servidos do santo ministério, simplesmente lastimável... CGADB pra quê????? ou para QUEM?
ResponderExcluirhttp://verdadeprofetica.blogspot.com/