O
ano é 312. Nos oito anos anteriores, a Igreja Cristã sofreu uma das
maiores perseguições de sua história, com milhares de mortes. Mas
nesse ano algo incrível acontece: o imperador Constantino
converte-se à fé perseguida, a qual era abraçada por, no máximo,
dez por cento de uma população de cerca de 70 milhões de pessoas,
que abrangia o Império Romano daquela época.
Calculista
cínico ? Supersticioso ferrenho ? Ou homem de larga visão ? Teria
sido o simples interesse egoísta que levou Constantino a realizar
tudo o que começou naquele ano ? Se foi, temos que admirar sua
coragem !
Vejamos:
ele contrariou a fé de quase noventa por cento da população do seu
Império.
Ao
longo de quase oitenta anos, o paganismo foi sendo proibido, acabando
por ser vencido sem que tenham ocorrido perseguições como aquelas
movidas contra os cristãos por quase três séculos.
Interessante
que nenhuma profecia bíblica referia-se a Constantino. No entanto, é
inegável o papel representado por Constantino no Cristianismo
moderno. Com ele, o trono romano se tornou cristão, e a Igreja se
tornou uma potência. Sem ele, os cristãos seriam apenas uma “seita
de vanguarda”.
No
entanto, para muitos (especialmente “desigrejados”), Constantino
representou o começo do fim da Igreja, o estopim da paganização do
Cristianismo.
A
conversão de Constantino, através de um sonho, na véspera da
Batalha da Ponte Mílvio (29.10.312) marca o início de um novo tempo
para o Cristianismo. Para o bem e para o mal, nada mais seria como
antes.
Poucos
se lembram que a experiência mística de Constantino parece ter
acontecido com Licínio, um co-imperador que governava o Ocidente do
império (regiões danubianas e o Magreb). No ano de 313, Licínio
combateu e venceu o Co-imperador do Oriente. Relatou que um anjo
prometeu-lhe a vitória na véspera da batalha, se dirigisse suas
preces a um “deus supremo”. O certo é que, após a vitória,
Licínio baixou um edito de tolerância, livrando os cristãos
orientais das perseguições, mesmo comportamento adotado, um ano
antes, por Constantino.
Dois
imperadores, governando uma população de quase 70 milhões de
pessoas, adotam uma política de tolerância baseada na confissão
religiosa de um percentual não superior a dez por cento do império.
Por quê ?
E
mais: o que levou um deles (Constantino) a passar seus últimos 25
anos de vida repetindo que era apenas um servo de Cristo ?
Guardando
as devidas proporções, era como se nos dias atuais o governo
brasileiro mudasse de Estado laico para um Estado baseado na
confissão religiosa do Espiritismo (dois por cento da população,
segundo o censo de 2010 do IBGE).
A
população romana deve ter ficado muito surpresa com o comportamento
de Constantino naquele momento, mas ficou mais ainda depois disso.
Esperavam, talvez, que ele “pagasse sua dívida” com o Deus
cristão, construindo-lhe um santuário e culto local, e seguisse
como antes; afinal, foi assim que Augusto César tinha procedido em
relação ao deus Apolo, após vencer em seu nome Marco Antônio e
Cleópatra na batalha de Actium.
É
preciso que se diga que as relações dos pagãos com seus deuses
eram muito diferentes daquelas que os cristãos mantinham com Deus.
Os primeiros tinham um relacionamento espiritual meramente contratual
e ocasional: clamavam aos deuses nos momentos de aflição, pagavam
seus votos com eles, mas sem dar-lhes a proeminência em suas vidas.
E
então surge Constantino, repetindo até o fim de sua vida que era um
servo de Cristo. Certamente, o Império ficou muito surpreso.
Wikipedia:
Quando Licínio expulsou os funcionários cristãos da sua corte,
Constantino encontrou um pretexto para enfrentar seu colega e, tendo
negada permissão para entrar no Império do Oriente durante uma
campanha contra os sármatas, fez disto a razão para derrotar e
eliminar Licínio em 324, quando tornou-se imperador único.
Isso
ocorreu em 324. Surpreendentemente, anuncia aos povos ainda pagãos
do Oriente Romano que seriam tratado em pé de igualdade com os
cristãos, que continuassem (caso quisessem) com seus templos de
mentira, os quais não seriam destruídos. “Que os que estão
equivocados gozem da paz, que cada um conserve o que pretende para
sua alma, que ninguém atormente ninguém”, dizia um de seus
decretos. Mais ainda: proíbe formalmente a quem quer que seja de
acusar próximo por motivos religiosos - a tranquilidade pública
deve reinar. Isso evitava que cristãos mais zelosos agredissem as
cerimônias e templos pagãos.
Antes,
o Cristianismo era tolerado; agora, era o paganismo que precisava da
proteção do governo.
Talvez
esta seja a razão de, apesar de cristão, Constantino não ter
imposto o Cristianismo pela força das armas e perseguido o paganismo
(por exemplo, negando direitos aos súditos pagãos ou
desfavorecendo-os em suas carreiras). Quando muito, dizia nos
documentos oficiais que o paganismo era uma superstição
desprezível, responsabilidade da Igreja quanto a convertê-los,
usando mais da persuasão do que da perseguição.
A Enciclopédia Católica afirma:
"Constantino favoreceu de modo igual ambas as religiões. Como
sumo pontífice ele velou pela adoração pagã e protegeu seus
direitos." Qualquer que tenha sido a fé individual de
Constantino, o fato é que ele educou seus filhos no cristianismo,
associou a sua dinastia a esta religião, e deu-lhe uma presença
institucional no Estado romano (a partir de Constantino, o tribunal
do bispo local, a episcopalis audientia, podia ser escolhida pelas
partes de um processo como tribunal arbitral em lugar do tribunal da
cidade24 ). E quanto às suas profissões de fé pública, num édito
do início de seu reinado, em que garantia liberdade religiosa, ele
tratava os pagãos com desdém, declarando que lhes era concedido
celebrar "os ritos de uma velha superstição", enquanto
que o Cristianismo era proclamado como a “santíssima lei divina”.
Limitou-se a “podar” o paganismo a um nível menos evidente.
Essa
atitude do imperador evitou que a maioria pagã se levantasse contra
os cristãos, que não eram tão poderosos quanto se possa imaginar,
e muito menos, unidos. Assim, o Império foi, ao mesmo tempo, pagão
e cristão. Assim como nosso mundo dos dias atuais.
Ainda
assim, as maiores querelas durante o reinado de Constantino
deveram-se a querelas entre os próprios cristãos.
Segundo
algumas fontes históricas, Constantino não tolerou paganismo no que
dizia respeito em sua esfera pessoal: não aceitou o culto ao
imperador nos moldes dos césares , e dispensou os cristãos de
executarem ritos pagãos no exercício de suas funções públicas
(os magistrados cristãos, por exemplo, não precisavam mais passar
pelo ritual pagão da purificação).
Interessante
ainda que Constantino mudou o castigo dos criminosos cristãos
(combates mortais na arena) para trabalhos forçados nas minas e
pedreiras, a fim de tentar cumprir a lei divina do “não matarás”.
Se todos os governos atuais empregassem hoje o mesmo critério...
Nas
festas decenais de seu reinado, no ano 315, permite ao povo as
celebrações de praxe, com exceção dos sacrifícios rituais.
Teve
ainda outras atitudes para tentar “aparar as unhas” do paganismo.
A instituição do repouso dominical foi uma delas; outra, mandando
construir muitas igrejas, mas nenhum templo pagão.
O
rigor de Constantino estava reservado não aos pagãos, e sim aos
maus cristãos – separatistas ou hereges. E os havia em quantidade
nos primórdios da Igreja Cristã: Arianismo (ensinava que Jesus não
era Deus, o Verbo encarnado, e que Jesus teve um começo);
Apolinarismo (ensinava que não Cristo possui a natureza humana, era
apenas Deus); Nestorianismo (ensinava que a pessoa divina de Cristo e
sua pessoa humana estavam divididas e com vontades divididas, mas
residindo no mesmo corpo), e por aí vai...
Na
qualidade de auto-proclamado Sumo Pontífice, uma espécie de
presidente a Igreja, convocou o famoso CONCÍLIO DE NICÉIA para
dirimir algumas dessas questões, que não eram apenas religiosas,
mas ameaçavam a própria estabilidade política do Império.
Wikipedia: Constantino reconstruiu a
antiga cidade grega de Bizâncio, chamando-a de Nova Roma;
tratava-se, no entanto, de uma cidade puramente cristã, dominada
pela Igreja dos Santos Apóstolos, junto a qual encontrava-se o
mausoléu onde Constantino seria sepultado. Os templos pagãos de
Bizâncio foram nela preservados, mas neles foram proibidos os
sacrifícios e o culto das imagens dos deuses.
AS
CONTROVÉRSIAS DE CONSTANTINO
Constantino,
por suspeita de intriga para tirá-lo do trono, mandou matar Crispo (
seu próprio filho e sucessor designado) e sufocar sua segunda mulher
Fausta num banho sobreaquecido; mandou também estrangular o cunhado
Licínio, que havia se rendido a ele em troca da vida e chicotear até
a morte o seu filho (e sobrinho do próprio Constantino). O último
imperador pagão, seu sobrinho Juliano, dizia que ele era atraído
pelo dinheiro e que buscou acima de tudo, enriquecer a si e seus
partidários. O que dizer disso ?
Nada.
Era o que se esperava de qualquer ser humano. Embora tendo prestado
um grande serviço ao Cristianismo, era um ser humano, com a semente
do mal e do pecado em seu interior, propenso a errar como errou e
pecar como pecou. Foi salvo ? Só Deus o sabe. Mas suas realizações
em favor do Cristianismo não podem ser ignoradas
A
verdade é que “Deus usa e o homem abusa”. Vejam Saul, o primeiro
rei de Israel, escolhido e usado por Deus para libertar Israel (Então
tomou Saul o reino sobre Israel; e pelejou contra todos os seus
inimigos em redor; contra Moabe, e contra os filhos de Amom, e contra
Edom, e contra os reis de Zobá, e contra os filisteus, e para onde
quer que se tornava executava castigo.
E houve-se valorosamente, e feriu aos amalequitas, e liberou a Israel da mão dos que o saqueavam.1 Samuel 14:47-48). Mas teve um triste fim, por causa de seus erros e pecados, que não podem ser atribuídos a Deus.
Voltando
a Constantino: por que se converteu ao Cristianismo ?
A
resposta, segundo Hénene Mosacré, é simples: para quem queria ser
um grande imperador, precisava de um grande Deus, que tivesse um
grande plano para a Humanidade que criara. O Deus dos cristãos era o
único que preenchia esses requisitos.
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