quinta-feira, 26 de junho de 2014

CONSTANTINO, UMA VIDA

O ano é 312. Nos oito anos anteriores, a Igreja Cristã sofreu uma das maiores perseguições de sua história, com milhares de mortes. Mas nesse ano algo incrível acontece: o imperador Constantino converte-se à fé perseguida, a qual era abraçada por, no máximo, dez por cento de uma população de cerca de 70 milhões de pessoas, que abrangia o Império Romano daquela época.

Calculista cínico ? Supersticioso ferrenho ? Ou homem de larga visão ? Teria sido o simples interesse egoísta que levou Constantino a realizar tudo o que começou naquele ano ? Se foi, temos que admirar sua coragem !

Vejamos: ele contrariou a fé de quase noventa por cento da população do seu Império.

Ao longo de quase oitenta anos, o paganismo foi sendo proibido, acabando por ser vencido sem que tenham ocorrido perseguições como aquelas movidas contra os cristãos por quase três séculos.

Interessante que nenhuma profecia bíblica referia-se a Constantino. No entanto, é inegável o papel representado por Constantino no Cristianismo moderno. Com ele, o trono romano se tornou cristão, e a Igreja se tornou uma potência. Sem ele, os cristãos seriam apenas uma “seita de vanguarda”.

No entanto, para muitos (especialmente “desigrejados”), Constantino representou o começo do fim da Igreja, o estopim da paganização do Cristianismo.

A conversão de Constantino, através de um sonho, na véspera da Batalha da Ponte Mílvio (29.10.312) marca o início de um novo tempo para o Cristianismo. Para o bem e para o mal, nada mais seria como antes.

Poucos se lembram que a experiência mística de Constantino parece ter acontecido com Licínio, um co-imperador que governava o Ocidente do império (regiões danubianas e o Magreb). No ano de 313, Licínio combateu e venceu o Co-imperador do Oriente. Relatou que um anjo prometeu-lhe a vitória na véspera da batalha, se dirigisse suas preces a um “deus supremo”. O certo é que, após a vitória, Licínio baixou um edito de tolerância, livrando os cristãos orientais das perseguições, mesmo comportamento adotado, um ano antes, por Constantino.

Dois imperadores, governando uma população de quase 70 milhões de pessoas, adotam uma política de tolerância baseada na confissão religiosa de um percentual não superior a dez por cento do império. Por quê ?

E mais: o que levou um deles (Constantino) a passar seus últimos 25 anos de vida repetindo que era apenas um servo de Cristo ?

Guardando as devidas proporções, era como se nos dias atuais o governo brasileiro mudasse de Estado laico para um Estado baseado na confissão religiosa do Espiritismo (dois por cento da população, segundo o censo de 2010 do IBGE).

A população romana deve ter ficado muito surpresa com o comportamento de Constantino naquele momento, mas ficou mais ainda depois disso. Esperavam, talvez, que ele “pagasse sua dívida” com o Deus cristão, construindo-lhe um santuário e culto local, e seguisse como antes; afinal, foi assim que Augusto César tinha procedido em relação ao deus Apolo, após vencer em seu nome Marco Antônio e Cleópatra na batalha de Actium.

É preciso que se diga que as relações dos pagãos com seus deuses eram muito diferentes daquelas que os cristãos mantinham com Deus. Os primeiros tinham um relacionamento espiritual meramente contratual e ocasional: clamavam aos deuses nos momentos de aflição, pagavam seus votos com eles, mas sem dar-lhes a proeminência em suas vidas.

E então surge Constantino, repetindo até o fim de sua vida que era um servo de Cristo. Certamente, o Império ficou muito surpreso.

Wikipedia: Quando Licínio expulsou os funcionários cristãos da sua corte, Constantino encontrou um pretexto para enfrentar seu colega e, tendo negada permissão para entrar no Império do Oriente durante uma campanha contra os sármatas, fez disto a razão para derrotar e eliminar Licínio em 324, quando tornou-se imperador único.

Isso ocorreu em 324. Surpreendentemente, anuncia aos povos ainda pagãos do Oriente Romano que seriam tratado em pé de igualdade com os cristãos, que continuassem (caso quisessem) com seus templos de mentira, os quais não seriam destruídos. “Que os que estão equivocados gozem da paz, que cada um conserve o que pretende para sua alma, que ninguém atormente ninguém”, dizia um de seus decretos. Mais ainda: proíbe formalmente a quem quer que seja de acusar próximo por motivos religiosos - a tranquilidade pública deve reinar. Isso evitava que cristãos mais zelosos agredissem as cerimônias e templos pagãos.

Antes, o Cristianismo era tolerado; agora, era o paganismo que precisava da proteção do governo.

Talvez esta seja a razão de, apesar de cristão, Constantino não ter imposto o Cristianismo pela força das armas e perseguido o paganismo (por exemplo, negando direitos aos súditos pagãos ou desfavorecendo-os em suas carreiras). Quando muito, dizia nos documentos oficiais que o paganismo era uma superstição desprezível, responsabilidade da Igreja quanto a convertê-los, usando mais da persuasão do que da perseguição.

A Enciclopédia Católica afirma: "Constantino favoreceu de modo igual ambas as religiões. Como sumo pontífice ele velou pela adoração pagã e protegeu seus direitos." Qualquer que tenha sido a fé individual de Constantino, o fato é que ele educou seus filhos no cristianismo, associou a sua dinastia a esta religião, e deu-lhe uma presença institucional no Estado romano (a partir de Constantino, o tribunal do bispo local, a episcopalis audientia, podia ser escolhida pelas partes de um processo como tribunal arbitral em lugar do tribunal da cidade24 ). E quanto às suas profissões de fé pública, num édito do início de seu reinado, em que garantia liberdade religiosa, ele tratava os pagãos com desdém, declarando que lhes era concedido celebrar "os ritos de uma velha superstição", enquanto que o Cristianismo era proclamado como a “santíssima lei divina”. Limitou-se a “podar” o paganismo a um nível menos evidente.

Essa atitude do imperador evitou que a maioria pagã se levantasse contra os cristãos, que não eram tão poderosos quanto se possa imaginar, e muito menos, unidos. Assim, o Império foi, ao mesmo tempo, pagão e cristão. Assim como nosso mundo dos dias atuais.

Ainda assim, as maiores querelas durante o reinado de Constantino deveram-se a querelas entre os próprios cristãos.

Segundo algumas fontes históricas, Constantino não tolerou paganismo no que dizia respeito em sua esfera pessoal: não aceitou o culto ao imperador nos moldes dos césares , e dispensou os cristãos de executarem ritos pagãos no exercício de suas funções públicas (os magistrados cristãos, por exemplo, não precisavam mais passar pelo ritual pagão da purificação).

Interessante ainda que Constantino mudou o castigo dos criminosos cristãos (combates mortais na arena) para trabalhos forçados nas minas e pedreiras, a fim de tentar cumprir a lei divina do “não matarás”. Se todos os governos atuais empregassem hoje o mesmo critério...

Nas festas decenais de seu reinado, no ano 315, permite ao povo as celebrações de praxe, com exceção dos sacrifícios rituais.

Teve ainda outras atitudes para tentar “aparar as unhas” do paganismo. A instituição do repouso dominical foi uma delas; outra, mandando construir muitas igrejas, mas nenhum templo pagão.

O rigor de Constantino estava reservado não aos pagãos, e sim aos maus cristãos – separatistas ou hereges. E os havia em quantidade nos primórdios da Igreja Cristã: Arianismo (ensinava que Jesus não era Deus, o Verbo encarnado, e que Jesus teve um começo); Apolinarismo (ensinava que não Cristo possui a natureza humana, era apenas Deus); Nestorianismo (ensinava que a pessoa divina de Cristo e sua pessoa humana estavam divididas e com vontades divididas, mas residindo no mesmo corpo), e por aí vai...

Na qualidade de auto-proclamado Sumo Pontífice, uma espécie de presidente a Igreja, convocou o famoso CONCÍLIO DE NICÉIA para dirimir algumas dessas questões, que não eram apenas religiosas, mas ameaçavam a própria estabilidade política do Império.

Wikipedia: Constantino reconstruiu a antiga cidade grega de Bizâncio, chamando-a de Nova Roma; tratava-se, no entanto, de uma cidade puramente cristã, dominada pela Igreja dos Santos Apóstolos, junto a qual encontrava-se o mausoléu onde Constantino seria sepultado. Os templos pagãos de Bizâncio foram nela preservados, mas neles foram proibidos os sacrifícios e o culto das imagens dos deuses.

AS CONTROVÉRSIAS DE CONSTANTINO

Constantino, por suspeita de intriga para tirá-lo do trono, mandou matar Crispo ( seu próprio filho e sucessor designado) e sufocar sua segunda mulher Fausta num banho sobreaquecido; mandou também estrangular o cunhado Licínio, que havia se rendido a ele em troca da vida e chicotear até a morte o seu filho (e sobrinho do próprio Constantino). O último imperador pagão, seu sobrinho Juliano, dizia que ele era atraído pelo dinheiro e que buscou acima de tudo, enriquecer a si e seus partidários. O que dizer disso ?

Nada. Era o que se esperava de qualquer ser humano. Embora tendo prestado um grande serviço ao Cristianismo, era um ser humano, com a semente do mal e do pecado em seu interior, propenso a errar como errou e pecar como pecou. Foi salvo ? Só Deus o sabe. Mas suas realizações em favor do Cristianismo não podem ser ignoradas

A verdade é que “Deus usa e o homem abusa”. Vejam Saul, o primeiro rei de Israel, escolhido e usado por Deus para libertar Israel (Então tomou Saul o reino sobre Israel; e pelejou contra todos os seus inimigos em redor; contra Moabe, e contra os filhos de Amom, e contra Edom, e contra os reis de Zobá, e contra os filisteus, e para onde quer que se tornava executava castigo.

E houve-se valorosamente, e feriu aos amalequitas, e liberou a Israel da mão dos que o saqueavam.1 Samuel 14:47-48). Mas teve um triste fim, por causa de seus erros e pecados, que não podem ser atribuídos a Deus.

Voltando a Constantino: por que se converteu ao Cristianismo ?


A resposta, segundo Hénene Mosacré, é simples: para quem queria ser um grande imperador, precisava de um grande Deus, que tivesse um grande plano para a Humanidade que criara. O Deus dos cristãos era o único que preenchia esses requisitos.

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