(Artigo
publicado originalmente no “Mensageiro da Paz” de Dezembro de
1993. Autor: Pr. Claudionor Correa de Andrade, escritor
dos livros "Há esperança para os homossexuais", "As verdades centrais
da fé cristã", "Dicionário de profecia bíblica",' "Fundamentos
bíblicos de um autêntico avivamento", "Merecem confiança as
profecias ?", entre outros).
Querido
Jesus,
sei que o momento não é propício, pois estamos em pleno Natal, mas preciso dizer-te que este ano foi particularmente difícil para o meu país.
sei que o momento não é propício, pois estamos em pleno Natal, mas preciso dizer-te que este ano foi particularmente difícil para o meu país.
O
Estatuto da Criança e do Adolescente não conseguiu impedir a
matança dos menores abandonados (…).
Se
para Herodes bastou o sacrifício dos meninos de dois anos para
baixo, aqui a criança não é poupada em nenhuma idade.
Jesus,
no Brasil a infância tornou-se algo descartável, que só é útil
para angariar votos.
Os
que fazem a lei, esquecem de algum parágrafo; os que aplicam a lei,
a escondem nos orçamentos manipulados por homens inescrupulosos,
corruptos e que não mostram nenhum interesse pela coisa pública.
Sim,
Jesus, temos um código penal; entretanto, a impunidade tornou-se
parte de nossa cultura. Os criminosos sabem que, neste país, a lei
não é aplicada; interpretam-na de acordo com os recursos do
infrator. Se este tem recursos, a justiça fica cega; se não tem,
ela arregala os olhos e o mete num cárcere. É uma justiça parecida
com a daqueles escribas e fariseus que te trouxeram a adúltera, e
esqueceram o que a seduziu. Aqui se acha um jeitinho para tudo, menos
para tirar-nos deste atoleiro moral.
Senhor,
a Constituição brasileira é considerada uma das mais avançadas do
mundo. A sua aplicação, porém, parece àquela tartaruga que
disputava corrida com a lebre. Só que, neste caso, a tartaruga chega
sempre atrasada.
Quem
não se atrasa são os casuísmos: apenas um casuísmo é suficiente
para colocar em dúvida toda a Carta Magna. Ela trouxe a
universalidade do voto; a democracia econômico-social não. Todos
vão às urnas; bem poucos às panelas. Não obstante a liberdade de
expressão, até agora ninguém conseguiu censurar a fome que, todos
os anos, leva à morte milhares de pessoas. Será que nossos
representantes não aprenderam ainda que democracia também se faz
com uma justa distribuição de renda ?
Embora
esta não seja nossa primeira Constituição, os legisladores já se
preparam para revisá-la. Eles precisam entender que os nossos
problemas não serão resolvidos com a formulação de novas leis, e
sim quando forem cumpridas as que envelhecem sem nunca serem
respeitadas.
(…)
De repente, tomamos conhecimento de que muitos dos nossos graves e
respeitáveis representantes estatais estavam metidos num mar de
lama. E o que mais dói é saber que ao invés de estarem cuidando
dos interesses da nação, divertiam-se brincando com o dinheiro
destinado ao bem comum. Esses senhores, embora regiamente pagos,
acharam por bem apropriar-se daquilo que não lhes pertence. Ora, são
tão ladrões quanto os que assaltam o pobre trabalhador que,
penosamente, leva o pão para casa. Neste caso, o cidadão pode
procurar a delegacia de polícia mais próxima e denunciar o
delinquente. Mas a quem denunciar aqueles a quem concedemos até
imunidades ?
Jesus,
o cidadão comum não se importa de pagar impostos; sabe que as
engrenagens da máquina estatal tem que estar em perfeito
funcionamento. Aliás, tu e teus discípulos também pagavam
impostos.
O
que nos machuca, Senhor, é saber que existem tantos publicanos
ávidos a meter a mão em nosso dinheiro. Alguns o gastam até em
orgias. Quando a máquina administrativa emperra, nossas autoridades
vem a público para justificar sua ineficiência, alegando que o
grande problema do Brasil é a falta de recurso. Não, o grande
problema desta nação é a abundância de recursos. Se não houvesse
tanto dinheiro sobrando, os corruptos não se apropriariam dele com
tanta facilidade.
Senhor,
apesar das euforias de Natal, sinto-me deprimido. Me pergunto se todo
esse processo democrático realmente vale a pena. Em todas as
eleições é a mesma coisa. Os políticos aparecem caçando nossos
votos, bafejam-nos promessas, garantem-nos que farão um mandato
exemplar. Alguns surgem empunhando tua Palavra. Quando assumem o
poder, desonram as promessas feitas. Eles deveriam saber que o
candidato tem de fazer jus à sua função; há de ser cândido nas
palavras e nas ações. Era assim que os pretendentes aos cargos
públicos apresentavam-se em Roma. Vestiam-se de branco para denotar
a pureza de suas intenções.
Senhor
Jesus, sei que a democracia não expirou. Ela está viva apesar dos
que a aviltam, apesar dos que dela se aproveitam para oprimir o fraco
e tiranizar o pobre. Por isso, continuarei a a eleger os meus
representantes; os poderes da República ainda são imprescindíveis.
Não gostaria que o meu país retrocedesse politicamente agora.
Afinal, esperei algumas eleições para votar num presidente. Embora
ele tenha nos decepcionado, foi um voto livre, secreto e universal.
Muita gente foi às urnas com a barriga vazia, mas o coração estava
cheio de esperança.
Jesus,
se não fosse a democracia talvez não tivesse escrito este artigo; o
totalitarismo não me permitiria uma expressão tão aberta. Mas
sozinhas, ela não conseguirá salvaguardar nossas instituições.
Torna-se imprescindível a força da oração.
Se
esta podridão toda está vindo à tona, é porque tua Igreja não
cessa de clamar. São milhões de vozes piedosas a decretar que as
coisas não precisam caminhar necessariamente de mal pior. Sei que
estamos no final dos tempos, e que a tua vinda é apenas uma questão
de dias. Também sei que o teu povo é o sal da terra e a luz do
mundo. Por isso, o Brasil há de sair deste pântano moral. O
Evangelho é o poder que faz a diferença em qualquer civilização.
O povo de Deus há de fazer desta nação um modelo de decência,
ordem e lisura administrativa.
Jesus,
neste Natal quero te dizer que a tua Igreja ainda não perdeu a
esperança, mas continua lutando para que o Brasil conheça tempos de
refrigério e prosperidade.
Não
buscamos o refrigério pelo refrigério, nem a prosperidade pela
prosperidade. Com a prosperidade econômica, teremos mais condições
de cumprir os itens da Grande Comissão que nos confiaste.
Por
enquanto, achamos quase impossível investir na evangelização
transcultural em consequência da inflação que debilita nosso poder
aquisitivo.
Afinal,
Jesus, se os Magos vieram de tão longe no Oriente para te prestar as
homenagens reais, por que não podemos fazer o caminho inverso para
anunciar: “Paz na terra aos homens a quem Ele quer bem” ?
Jesus,
que a tua Igreja continue a ser a reserva moral desta nação” .
Que o sal jamais venha se tornar insípido !
Se
trazer à tona os negócios escusos dos ímpios, como deixarias
impunes os que invocam o teu nome ?
E
por acaso já não é tempo do julgamento começar na Tua Casa ?
Seria
tão bom se todos se conscientizassem que a tua Igreja não pode ser
propriedade de nenhum potentado humano. Ela é a agência por
excelência de teu Reino. Um dia passaremos, mas Ela permanecerá até
a Tua vinda.
Que
vamos passar, todos o sabemos. Passemos, então, com honra.
Mostraremos
a esta nação que não nos conformamos com o famoso e execrável
jeitinho brasileiro. A tua Igreja, Jesus, independe de jeitinhos para
sobreviver. Ela conta com a tua providência.
Quisera
fossem os tais jeitinhos substituídos pelo império da lei, onde o
estado de direito fosse verdadeiramente observado. Onde o cidadão
não se visse obrigado a subornar ninguém para desfrutar de direitos
que lhe são inalienáveis.
Os
sinos do Natal, querido Jesus, já dobram nesta imensidão. Por quem
eles dobram ? dobram pelos parlamentares que honram os seus mandatos;
pelos representantes do povo que não aceitaram o dinheiro sujo das
negociatas; por aqueles que não manipularam os recursos destinados
os flagelados de todas as flagelações.
Senhor,
estes sinos dobram pelos pastores que ainda ouvem o coral dos anjos;
pelos evangelistas que ainda acham confortável a manjedoura. Dobram
pelos missionários que ainda vêem a tua estrela e caminham até os
confins da terra para anunciar a tua mensagem. Estes sinos dobram por
aqueles que, em constante oração, aguardam um avivamento. Dobram
por aqueles que apresentam o incenso de uma vida santificada, a mirra
de um amor sacrificial, e o ouro que não haverá jamais de ser
corroído.
Que
no próximo Natal, Senhor, vejamos brilhar a tua estrela sobre a
capital deste país. Sobre Brasília, por enquanto, paira a tua
espada.
Guarda
a teus filhos, Jesus.
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