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sexta-feira, 17 de maio de 2013

CGADB PARA QUÊ ?


Encerrados os debates e votação para presidente da 41ª AGO da CGADB em Brasília-DF (08 a 12.04.2013), onde se digladiaram os Pastores José Wellington (reeleito pela 10ª vez...) e Samuel Câmara, restam conclusões e lições para todos.


A diferença dos votos (cerca de 2000) em favor do reeleito presidente José Wellington é o primeiro ponto a mencionar. Essa diferença é cerca de 4 vezes maior do que o resultado anterior apurado na eleição de 2009 na Cidade de Vitória-ES. Fica a pergunta: os obreiros pró-Wellington aumentaram de número nesses 4 anos ? Ou os obreiros pró-Samuel diminuíram de quantidade ? Ou ambas as coisas ?

Espiritualizar a questão de quem foi eleito (e quem não foi) se mostra no mínimo uma forma simplória de ver a situação. É claro que no cerne de toda a votação, está a busca pelo poder (político, religioso, social, etc) oriundo de uma agremiação do porte da CGADB (com milhares de pastores espalhados por todo território nacional). Sem contar os recursos materiais, incluídos aí os da CPAD (imprensa oficial da CGADB), cujo relatório anual mostrou um fechamento da ordem de 100 milhões de reais.

Como em toda convenção, os debates foram bastante acalorados em alguns momentos, escandalizando algumas mentes mais simplórias. Nesses momentos, sempre aparecem os saudosistas, argumentando que “antigamente não era assim”. Não deixam de ter alguma razão esses obreiros; porém, esquecem-se que há 26 anos atrás (tempo em que o Pr. José Wellington é presidente, através de sucessivas reeleições) a CGADB era pouco mais que um grupo de pastores engravatados, com pouca (ou nenhuma) influência política e social, e menos ainda recursos materiais.

Quanto maior o prêmio, maior a luta para conquistá-lo. Nada mais natural, portanto, que as estratégias e manobras para se tomar o poder (ou se mantê-lo). Ingênuo seria de nossa parte esperar que aquele que detém o poder dele abrisse mão naturalmente; ou ainda, que ninguém quisesse tomar esse poder.

Merece ainda destaque a eleição (?) realizada logo nos primeiros dias (quando grande parte das caravanas de obreiros ainda não havia chegado) acerca dos diversos Conselhos e Comissões, de um dos quais faz parte o pastor amapaense Lucifrancis Barbosa Tavares (o qual preside a CEMEADAP-AP). Causa certa estranheza tal procedimento da Mesa Diretora, pois o natural seria que primeiro se realizassem as eleições para os cargos majoritários (presidente, secretários, tesoureiros, etc), e só então as demais. Foi uma inversão de procedimento que refletia, no mínimo, uma grande confiança na vitória por parte do Presidente anterior (reeleito).

Pode-se ainda observar essa eleição sob outro prisma. Com efeito, sendo o Pr. José Wellington da Região Sudeste (SP), e o Pr. Samuel Câmara da Região Norte (PA), a votação refletia, no mínimo, a histórica rivalidade brasileira Norte/Sul. Nada mais natural, portanto, que os argumentos contrários à escolha de um novo presidente perspassassem pelos costumeiros preconceitos regionais. À boca-pequena nos corredores ouvia-se muito, por exemplo, o anacrônico argumento de que, caso Samuel Câmara fosse eleito, os costumes da Assembléia de Deus seriam liberados, que tudo iria se tornar uma confusão, e outras bobagens semelhantes.

Por que digo “bobagens” ? Simplesmente porque nenhum presidente de CGADB (nem mesmo o atual, do topo de seus quase 9 mil votos) tem esse poder. Se assim tentasse fazê-lo, seria alvo de chacotas e abanos de cabeça.

Costumes e tradições são mutáveis com o tempo, com o avanço (ou retrocesso) das sociedades. Basta lembrar que em ocasiões anteriores era totalmente proibido aos fiéis assembleianos ouvir rádio, assistir televisão, usar barba, ir ao cinema, jogar futebol, maquiar-se, etc, restrições estas que vem caindo uma após a outra, sem que com isso a Igreja tenha perdido sua força evangelizadora e seu poder transformador de vidas.

Muitos obreiros pró-Samuel consideraram um ganho de terem conseguido eleger os tesoureiros e o conselho fiscal da CGADB, já que com isso haverá (em tese) uma maior fiscalização dos recursos da atual administração. Em minha humilde opinião, ouso discordar, não pela capacidade de fiscalização dos eleitos (que com certeza é de suma importância), mas sim pelo quê fazer com os resultados dessa fiscalização.

Explico melhor: suponhamos que, daqui a 4 anos os tesoureiros e conselho fiscal descubram má utilização dos recursos financeiros da CGADB; que surjam graves e fortes indícios de corrupção; que pessoas da alta cúpula da CGADB sejam apontadas como responsáveis por tais desmandos. Suponhamos, ainda, que tais informações sejam lançadas ao plenário da CGADB: os obreiros pró-Wellington mudarão seu voto ? Acredito que não, por várias razões, entre as quais poderia citar: a fidelidade partidária pastoral; a pouca importância que se dá no meio evangélico (e porque não dizer no brasileiro em geral) à gestão dos recursos patrimoniais; e por fim, à (remota) possibilidade de que algumas denominações façam algo semelhante em seus balancetes e relatórios.

Resumindo: tais constatações de má gestão dos recursos da CGADB em nada mudariam o fato de que a grande maioria dos obreiros continuaria votando no Pr. José Wellington, ou em qualquer “poste” que o mesmo apontasse como sucessor.

Nesse contexto, existe uma terceira via a ser considerada por Samuel Câmara e seus agremiados: a desvinculação da CGADB e a criação de outra convenção de caráter nacional, com sede no Estado do Pará (local onde o Pentecostalismo iniciou sua marcha vitoriosa em terras brasileiras, há um século atrás) e abrangência das regiões Norte e Nordeste, prioritariamente.

Tal solução não se mostra fantasiosa. Afinal, o contingente de obreiros dessas regiões (provavelmente o dobro dos 7mil que votaram em Samuel Câmara) fornece o necessário suporte para existência dessa Convenção.

De mais a mais, é utopia acreditar que o clã Wellington irá entregar o poder “de mão beijada”, sendo o mais provável que nos quatro anos vindouros o atual Presidente aumente sua base eleitoral e prepare seu sucessor. Portanto, em lugar de um desgaste maior, é preferível que cada qual siga seu caminho, não transversal a Cristo, mas paralelo a Ele.

Na Bíblia Sagrada, vemos uma situação parecida: o Apóstolo Paulo afastou-se de seu colega Barnabé, após uma grande contenda motivada pela decisão paulina de não levar o discípulo João Marcos (parente de Barnabé) em sua próxima viagem missionária. Após a discussão, Paulo seguiu fazendo a obra de Deus, desta feita acompanhado por Silas, enquanto que Barnabé se fez acompanhar de João Marcos no trabalho evangelístico. Os resultados foram proveitosos para ambas as duplas, sem que com isso a mão de Deus se retraísse na vida daqueles servos de Cristo.

Poderá ter chegado o momento de se repensar a CCGAB, quanto à sua utilidade para o trabalho assembleiano no eixo Norte-Nordeste, e se buscar novas alternativas para uma igreja que encara o século 21 com cabeça erguida para novos desafios, os quais exigem dinamismo, juventude, maturidade e sobretudo doutrina (não tradições humanas, tampouco costumes sem valor).

CGADB para quê, afinal ?

2 comentários:

  1. Rídico, quero ver ir atrás das almas que estão destituídas da glória de Deus e principalmente as ovelhas assembleianas a qual foi jogada fora nestes últimos anos como um bagaço de laranja que joga fora após o sugar, não honram a memoria dos pioneiros da denominação a qual eles tem orgulho de falar que são do fogo e do poder, são os mais usados, a teologia perfeita; serão também os mais santos?

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  2. Realmente, concordo com seu texto, a CGADB infelizmente segue como muitas igrejas por aí, inclusive um nicho dentro da Assembléia de Deus, que é a transformação do governo da igreja numa capitania hereditária, onde o líder delega cargos chave para seus filhos, esposas, cunhados,etc, e mantém-se no poder, além de garantir que seus parentes sejam servidos do santo ministério, simplesmente lastimável... CGADB pra quê????? ou para QUEM?
    http://verdadeprofetica.blogspot.com/

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